Desde sempre o Homem sente necessidade de encontrar respostas a questões filosóficas (sobre as coisas, os homens, sobre Deus). Estas questões partem do espanto perante as coisas, isto é, do despertar para o conhecimento das coisas. O mistério leva-nos ao espanto e tudo o que é misterioso não é evidente para nós. Sentimo-nos maravilhados com o objecto do nosso espanto. A Filosofia parte dessa capacidade de nos maravilharmos. O modo de como o ser humano se espanta não é familiar e tudo o que é familiar se transforma em infamiliar, ou seja, o que é evidente no mundo familiar torna-se incompreensível e o vulgar extraordinário. Tudo o que é tido como certo, fixo, indubitável torna-se duvidoso através da experiência do espanto. Assim, o mundo familiar que nos dá segurança na vida por estarmos certos sobre o porquê das coisas é assustador no “mundo obliterado” da Filosofia por termos que enfrentar esse mundo de aparência. Para isso, o ser humano deixa de viver no modo da negligência e da preguiça metafísicas, ou seja, deixa o compromisso da familiaridade quotidiana e passa a viver no mundo mais real e verdadeiro com base no pensamento puro e filosófico e na teoria originária das coisas.